Costa Senna
Warning: Illegal string offset 'subtitle' in /var/www/html/acorda.net.br/web/wp-content/themes/delight/page.php on line 177

Costa Senna é uma referência importante para o cordel brasileiro: é um dos poetas pioneiros em utilizar temas ligados à educação na literatura de cordel. Além de cordelista, é ator, cantor, compositor e humorista. Entre as suas obras, escreveu O doido, Viagem ao centro da Terra (adaptação do clássico de Júlio Verne), Jesus brasileiro (em parceria com Marco Haurélio), Raul Seixas entre Deus e o Diabo, A maldita ilusão, As lágrimas de Lampião, etc. Tem gravados os discos Moço das estrelas, Costa Senna em cena e Fábrica de unir versos.
Chegou a São Paulo em 1990, diretamente de Fortaleza-CE. Na bagagem, trouxe as influências de Luiz Gonzaga, Raul Seixas, Belchior, Alceu Valença, e também do rap urbano e do repente. Após uma apresentação que contou com declamação de cordel, cantorias e trava-línguas, feita para estudantes com cerca de 8 anos de idade, da Colégio São Domingos, no bairro de Perdizes-SP, no último dia 5 de maio, Costa Senna conta um pouco mais da sua trajetória, da sala de aula dentro do cordel e dessa literatura em São Paulo.


Em meio à entrevista, acontece uma conversa paralela com uma menina que assistiu à apresentação de Costa Senna na escola e quer comprar um disco dele. Depois da venda do CD, a mãe da garota pergunta de onde ele é, o cordelista responde:
CS: Eu sou de Fortaleza, mas já moro aqui há muito tempo, recebi título de cidadão paulistano em 2008. Já nem me considero… Talvez eu até volte um dia [para Fortaleza], mas eu já estou muito acostumado com São Paulo, sou muito querido aqui. Sou muito solicitado, tenho um círculo de amizades muito grande.Costa Senna retorna à entrevista e pergunta:
CS: Vamos nós? A: Qual é o cordel que você mais gosta e que tem mais orgulho de ter feito? CS: O cordel que eu mais declamo é o “Viagem por São Paulo”. Depois dele, eu declamo muito “Os atropelos do português”. Um cordel que eu sempre trabalho com as crianças é o “Criança, que bicho é esse?”. Este “Os atropelos do português” é um cordel muito procurado dentro da educação. Muito, muito procurado. Eu tenho cordéis sobre vários temas: sobre saúde, sobre misticismo, sobre Raul Seixas, sobre Lampião… A: Mas o cordel que você mais gosta é o sobre São Paulo? CS: É o de São Paulo. É o que eu mais declamo, né? Acredito que seja o que mais gosto. É difícil saber qual você gosta mais, mas acho que de tanto declamar, eu aprendi a gostar mais dele. De tanto ficar declamando, declamando… A: Por que você declama tanto esse cordel? CS: É porque as pessoas que estão vendo não entendem como outra pessoa, no caso eu, conseguiu decorar o nome de todas as cidades da Grande São Paulo e, além delas, as paisagens, monumentos, bairros, ruas… É muita informação e isso chama a atenção de quem está na plateia. Você declama e a pessoa pensa “Como é que pode? Como é que pode?” Acho que é por isso. É também porque declamo para paulistas e paulistanos e eu acho que é legal você ter cordéis que tragam referências das coisas de São Paulo, não só sobre coisas do nordeste. Acho que é bem por aí. A: O que você acha do cordel em São Paulo? CS: O cordel de São Paulo, ele está muito forte, sabe? É ilusão achar que não tem cordel aqui. Porque tem vários cordelistas, tem a editora Luzeiro, a editora Cortez, que vende cordel [na Livraria Cortez]. Tem um grupo também, né? Eu sou um dos fundadores da “Caravana do Cordel”, que reúne Varneci Nascimento, João Gomes de Sá, Cacá Lopes, Pedro Monteiro, Marco Haurélio e outras pessoas, né? Cleusa Santo, que também é cordelista de São Paulo, Daniela Almeida, Nando Poeta, Assis Coimbra. O que acontece é que as pessoas colocaram na cabeça que só se encontra cordel no nordeste, mas não… Tem muito cordel em São Paulo. Muito, muito, muito. A maior editora de literatura de cordel do Brasil é aqui em São Paulo, na Praça da Árvore, a Luzeiro. A: E estes cordelistas que estão em São Paulo são todos nordestinos ou não? CS: Não, mas a maioria é. A maioria é nordestina, mas tem um que é de São Paulo, outra que é do Paraná. E talvez tenham outros que não são do nordeste. Já tem pessoas de São Paulo fazendo cordel mesmo. A: E a Caravana do Cordel está com algum projeto agora? CS: Eu não sei. Sou apenas um dos fundadores, mas não faço mais parte da Caravana. É uma questão de linha de trabalho. Eu tenho uma linha, sabe? Eles têm outra. Então, assim… Não dá. É um grupo que quer as coisas de um jeito, e eu gostaria de outro. Acabei pedindo pra sair, porque as minhas ideias não iam vigorar. Apesar disso, eu tenho uma música no meu CD sobre a Caravana no Cordel. A: Quanto os CDs custam? Quinze? CS: Eu vou vender por dez pra você, né? Acho que você precisa levar esse [mostra um dos CDs]. Eu te dou um cheque pré-datado. Porque tem a música Caravana do Cordel e, como você vai trabalhar com cordel, acho que você pode usar como fundo de alguma coisa… Você vai gostar. A Caravana é um grupo muito trabalhador, tem pessoas com muita capacidade, que são idealistas. É um pessoal de vanguarda. Mas eu achei melhor seguir meu trabalho, sabe? Muitas reuniões… Sabe como é grupo, né? O pessoal se reúne várias vezes e não chega a lugar nenhum… De repente, volta tudo lá pro começo da discussão… Eu não tenho muito tempo pra isso, as minhas decisões têm que ser tomadas com rapidez e postas em prática mais rápido ainda. A: E você tem algum projeto pro futuro agora? CS: Tenho. Eu quero terminar um trabalho que tenho sobre a Cleópatra. Eu adoro essa mulher, sabia? Quero fazer outro trabalho sobre a Marquesa de Santos. Tô preparando um CD com músicas voltadas pra educação. O CD vai se chamar “Nas asas da leitura”, que é o nome de um show meu. Tenho várias ideias na cabeça. Vai sair um livro meu agora, que você precisa adquirir. Ele chama “Cordéis que educam e transformam”, da Global Editora. E é isso.
Warning: Illegal string offset 'payoff' in /var/www/html/acorda.net.br/web/wp-content/themes/delight/comments.php on line 20